À Mesa Com... Gil - Parte I

À Mesa Com... Gil - Parte I


Toda a gente sabe quem é o boneco Gil, mas seguramente quase ninguém conhece a pessoa por detrás da personagem. Gil Rodrigues, agora com 36 anos, apareceu nas nossas vidas há quase duas décadas, por altura da EXPO’98, certame que levou até Lisboa uma porrada de gente e do qual se herdou uma nova ponte sobre o Tejo, uma nova estação, toda moderna, e um novo bairro, que serve de dormitório para os novos ricos da capital.

Para os mais garotos, que já nasceram no terceiro milénio: a EXPO'98 foi um evento inovador, a nível arquitectónico e cultural. Mas do que as pessoas gostaram mesmo foi daquelas fontes tipo géiser. Somos pouco parolos, somos. Nota: aquele Gil na foto era só um dos manequins que estavam espalhados pelo recinto, não é o verdadeiro; ninguém aguentava estar assim o dia todo, ao sol.


Quando tive a oportunidade de conhecer o Gil, pessoa, à noite, algures no Cais do Sodré (vulgo Caixodré), já estávamos os dois entornados. E ainda bem, porque assim senti o à vontade necessário para o convidar para esta primeira edição do À Mesa Com…. Ele aceitou, na condição de pagar eu o almoço – foi, até, bastante assertivo quanto a isso. Mas, na verdade, penso que o meu convite lhe veio mesmo a calhar, porque ele tinha muita necessidade de desabafar.

Foi então que, uma semana depois, num restaurante em Santa Apolónia – cujo nome não irei revelar, porque o dono não acedeu a patrocinar esta rubrica e, por isso, nunca mais lá volto – me sentei à mesa com a mascote que, outrora, fez as delícias de miúdos e graúdos, e que, actualmente, não passa de uma sombra da figura bonacheirona, divertida, cheia de vida, que foi noutros tempos.

O restaurante onde isto se passou, aparece nesta foto. E mais não digo.


O empregado chegou prontamente, com o menu e os obrigatórios pacotinhos de manteiga e patê, acompanhados por três carcaças, visivelmente do dia anterior. Nada que tenha impedido o meu convidado de açambarcar logo uma para o seu prato, juntamente com um pacote de patê (de sardinha, neste caso), que abriu rapidamente e do qual retirou cerca de três quartos do seu conteúdo, barrando-os de seguida em meia da referida carcaça. Os pratos do dia eram chocos fritos e feijoada à transmontana. O nosso gotiforme amigo escolheu o primeiro e eu acompanhei-o. Para beber, pediu uma imperial, enquanto eu me fiquei pelo Iced Tea de limão. Já com as bocas meio cheias, lá começou a conversa.


De onde vem o Gil? O Gil Rodrigues, antes da mascote.
‘Tão, eu cresci e vivi, até aos dezoito anos, sempre em Massamá. A minha infância e adolescência foram normais. Não fui abusado por nenhum tio, nem nada do género, portanto não tem grande interesse.

Certo… Bem, depois veio a EXPO’98. Como foi ser a mascote do maior evento do final do milénio em Portugal?
Não te vou mentir: foi espectacular. Naquela altura havia muito dinheiro e era tudo em grande. Foi meio ano de diversão, de comer e beber do bom e do melhor, de conhecer gente importante dia sim, dia sim… Eh pá, e depois pude ver aquela merda toda de borla, e não tinha que estar sete horas na fila para ver o pavilhão da Alemanha, por exemplo. Para um puto de dezoito anos, foi uma experiência única, pronto.

Como é que foste lá parar? 
Eh pá, não foi difícil. Na altura, em Massamá e nos arredores, eu já era conhecido por ser o único gajo que havia em forma de gota de água gigante. Costumava ser convidado para fazer animação em festas de piscina e tudo. Isso chegou aos ouvidos da organização, não sei bem como, e vieram falar comigo. Era o que eles andavam à procura, e é claro que aceitei logo.

Mas existia, pelo menos, mais uma pessoa em forma de gota de água: a Docas. 
Sim, a Docas veio de Viana do Castelo, e eu sei que ainda há outro tipo em forma de gota, que é do Porto, mas já há vinte e tal anos que vive em França. Mas esse é roxo, portanto...

Estou a ver. Já que falámos da Docas: rolou negócio, ou aquilo era tudo a fingir?
Não rolou negócio nenhum. Já agora, vou aproveitar esta oportunidade para desmistificar esse assunto: não houve, nem poderia haver, nada entre mim e a Docas, por duas razões: primeiro, ela era uma estúpida de merda; e segundo, era sapatona, e andava metida com uma gaja mais velha chamada Lurdes. Pronto. A partir de agora, sobre este assunto, não digo mais nada.

Bem, por essa não estava à espera…
Pois, mas como já disse, não vou falar mais dessa gaja.

A Lurdes de que o Gil fala, é Maria de Lurdes Proença, prima afastada do conhecido árbitro internacional Pedro Proença. Por telefone, Maria de Lurdes confirmou a relação, que, segundo afirma, ainda perdura, mas não quis adiantar mais nada. Disse ainda não querer ter nada a ver com o meu convidado, a quem se referiu sempre por "esse senhor" ou "esse parvalhão". Já a Docas, não atendeu o telemóvel. Deixei uma mensagem, mas até hoje nada.


Mas pronto, então voltando atrás: a EXPO, para ti, também foi trabalho, ou foi mesmo só loucura?
Foi sobretudo loucura. Claro que, de vez em quando, lá tinha que dar abracinhos e beijinhos ao pessoal, mas na maior parte do tempo estávamos na zona VIP, a beber whisky e champanhe com gajas boas de todo o mundo.

Conta mais, vá.
Eh pá, não posso contar muita coisa porque, na verdade, não me lembro da maior parte, mas posso dizer que experimentei lá muitas coisas pela primeira vez.

O Guterres também se metia nisso?
O Guterres não, mas o Jaime Gama era grande maluco.

Parte II




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