Contra bono

Contra bono

Nota prévia para os social justice warriors do nosso rectângulo à beira-mar plantado: se se sentirem ofendidos com o texto que se segue, têm bom remédio: fechem os olhos, respirem fundo, e imaginem que foi o Bruno Nogueira, ou até o Ricardo Araújo Pereira, que escreveu isto num dos seus textos mordazes e extremamente inteligentes. Vão ver que isso passa logo.

Paris, 13 de Novembro de 2015. Três terroristas armados entram aos tiros na sala de espectáculos Bataclan, tirando a vida a 89 pessoas.

Nice, 14 de Julho de 2016. Um homem mata 84 pessoas, e fere mais de 200, ao conduzir um camião frigorífico contra a multidão reunida no Passeio dos Ingleses para assistir ao fogo-de-artifício comemorativo do Dia da Bastilha.

Duas tragédias, um denominador comum: Paul David Hewson. O nome não vos diz nada? É natural. O Paulinho gosta mais que lhe chamem Bono. Exacto, o gajo dos U2, que em 2005 foi condecorado pelo Sampaio com a Ordem da Liberdade, e apareceu na cerimónia nestes preparos:

Deve ter sido uma aflição tramada para o nosso ex-Presidente, arranjar um sítio para espetar a medalha sem a cravar, em simultâneo, no peito daquele irlandês parolo. Não que ele sentisse alguma coisa, o mais provável era estar bêbedo.

Parece que entretanto também foi nomeado para o Prémio Nobel da Paz – o que não é grande avaria, diga-se, tendo em conta que os noruegueses encarregues de o entregar, já o fizeram, por exemplo, ao Arafat e ao Peres, em 94, na sequência de umas negociatas quaisquer para desenvolver a fraternidade no Médio Oriente – que hoje, está à vista de todos, é um sítio estupendo para se viver; e ao Obama, em 2009, basicamente por ser preto.

Mas adiante. Penso que não é necessário ser-se um maluquinho das teorias da conspiração para se desconfiar desta, chamemos-lhe, coincidência. Nem tão pouco para se desconfiar de um cinquentão que teima em ser tratado por um nome tão ridículo como Bono – e se fosse só Bono, ainda era com'ó outro!

É que o Paulo David (era assim que a mãe o tratava quando ele fazia merda), quando ainda era só um garoto numa terriola irlandesa qualquer, chegou a ser conhecido por Bono Vox da Rua O'Connell, Bon Murray, Houseman e, antes disso tudo, palavra de honra, Steinhegvanhuysenolegbangbangbang – que não é tanto um nome de pessoa, como um mau título de um filme porno badalhoco holandês.

Mas enfim, finjamos até que o Paulie e a sua trupe nunca nos deram sinais de querer conquistar o mundo, e que não são eles que estão por trás destes massacres, mas sim os terroristas do Daesh. Não é estranho que já tenham atacado, com distâncias temporais consideráveis, dois locais onde se encontrava aquele malcriadão que não tira os óculos de sol quando está dentro de edifícios? Não será aquela lengalenga do apelo ao assassínio de infiéis ocidentais, apenas uma fachada para uma vendeta a nível global dirigida aos U2 – e mais concretamente ao seu mentor –, provocada por, pelo menos, duas décadas de overplaying das suas músicas?

Não me interpretem mal, não é minha intenção estar para aqui a defender que, mesmo que essa teoria se verificasse, o fim justificava os meios. Mas talvez fosse importante que a ONU se reunisse e deliberasse quanto a uma questão que atormenta, acredito eu, milhões de pessoas em todo o mundo: o facto de, independentemente da localização geográfica e do horário escolhido, ter de se levar com uma música dos U2 sempre que se liga a porcaria do rádio, representa, ou não, um atentado contra os direitos humanos?

Bem, esperemos que o Guterres seja eleito e tenha o bom senso de resolver este berbicacho, antes que o senhor Hewson se lembre de vir passar uns dias ao Algarve.




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