Matrix à Portuguesa

Matrix à Portuguesa

Arredores de Pombal, 21:48.

O filme começa num quarto escuro com filtro verde. Neste, encontra-se Ernesto na cama a ver o Benfica, com uma imensa vontade de cagar. Antes de sair do quarto, Ernesto, mais conhecido no mIRC como Neto81, verifica no BitTorrent a quanto está o download do Portugal Kuduro Dance Mix 2013. Sendo este um CD de merda, ainda nem tinha começado, por não haver seeds.

Ernesto dirige-se á casa de banho... Após sentar-se, Ernesto agarra na tablet ao seu lado esquerdo, que está a carregar há dois dias no bidé da casa-de-banho, por cima das revistas da Maria do ano passado. Depois dos 10 minutos de loading da tablet, Ernesto repara que tem duas mensagens na caixa dos "Outro(s)", no Facebook. A primeira é de uma rapariga sueca, loira de olhos azuis, que dizia:

"Oh my god. This video belongs to you? :D => bit.ly/vid.CUTEalbum92.com&AJ41_b".

Sendo que Ernesto não entende patavina de inglês, apaga essa e lê a segunda, de uma gaja sem foto de perfil, com aqueles [?], que dizia:

"Acorda, Neto, foste apanhado pelo Matrix... Segue o Renault branco".

Nisto batem à porta. Ernesto levanta-se e puxa o autoclismo. Dirige-se à porta, e mais uma vez, passa pelo computador para ver a quanto está o download no BitTorrent. Visto que o Ernesto é um sepo em tecnologias, e nem sabe o que é um seed, este continua a 0.0%. Ernesto ignora e dirige-se à porta.

– Quem é? – pergunta Ernesto.

Era um antigo colega de pesca que tinha por ali passado para deixar uma caixa de Ferrero Rocher e convidá-lo para uma mini, visto que o mesmo vivia na França e tinha vindo passar férias a Pombal.

Nisto, Ernesto repara que o seu colega conduzia um Clio 1.9 Diesel branco, com um cachecol do Benfica na parte de trás.

Visto que o Benfica está no intervalo, Neto decide aceitar o convite e ambos se preparam para sair de casa.

Antes de sair, Neto passa mais uma vez pelo computador para ver o estado do BitTorrent, mas este continua ignorantemente nos 0.0%.


A próxima cena passa-se no Snack-Bar Rei dos Caracóis.

À mesa junta-se a mulher do seu colega, Trindade. Aparentemente também tinha vindo da França... Depois de umas 10 minis, o seu colega levanta-se para ir à casa-de-banho. Aproveitando a privacidade, Trindade alerta Neto que tinha reparado que noutro dia, no mesmo café, andava um preto com má pinta a ver dele. Nisto, o Benfica faz o 2-1 frente ao Penafiel e o Sr. Jorge, dono do café, decide começar a pagar imperiais às mesas.

Há um fade para negro, seguido de 30 segundos de publicidade a umas vitaminas quaisquer.


Quando voltamos, deparamo-nos com um despertador da Casyo a tocar infernalmente. São 8:17 da manhã e Neto já está atrasado para a apanha da azeitona...

Sem lavar os dentes, Neto veste o fato de treino e sai de Pombal, chegando o mais depressa que consegue à quinta, ou seja, a guiar a 130km/h na N237...

São 9:11 e está aquele céu azul clarinho, com muita claridade; está sol, mas vem aquele vento frio que incomoda, daqueles que um gajo parece que tem o cabelo oleoso.

Neto chega duas horas atrasado, mas como estamos em Portugal, ninguém quer saber.

Nisto vem um gajo dos CTT a assobiar uma melodia irritante, com um pacote para Neto. Após abrir o pacote, neste encontra-se um Nokia 5165, que começa a tocar. Neto atende e ouve-se claramente a voz de um indivíduo de origem africana ao telefone...

– Oi Neto, d'aqui é o Prof. Mopheta. Eu não sei si tu já leste meu planfleto lá na tua caxa do correio. Eu tenho pena que eu não tenha-te encontrado lá no café no outro dia, mas 'tou vendo tudo que andas fazendo. Eu agora não tem tempo, mas tu tem sair daí porque eles andam à tua procura.

Neto, incrédulo, responde – Eles? Eles quem?

Nisto, há um plano para o portão da quinta, em que se vê o Carlos a falar com 2 GNRs que olham para as oliveiras onde está o Neto. Ouve-se no telefone:

– Olha aí, Neto. Vai fazer aquilo que lhe vou dizer. Tu vai aí para atrás do muro, depois de saltar o muro tu diz algo.

Neto corre para o muro agachado e salta para o outro lado. Continua um sol idiota que parece que aquece mas afinal está frio.

Neto está à sombra, no outro lado do muro da quinta, deparando-se com um poço de 20 metros com aquela água que parece que tem flocos verdes derretidos que só serve para regar a horta.

A única maneira de fugir aos GNRs é dar a volta ao poço. Mas como Ernesto se acagassa, decide entregar-se aos GNRs.

Ora, nisto são nove e meia, e após onze horas na esquadra, Neto sai sem carta e com uma multa de 300 euros por excesso de velocidade, por ter passado pelo radar a mais de 100km/h, na N237.

Está a chover, é hora do jantar e estão aquelas luzes laranjas monocromáticas em cena.

Nisto, pára um Renault à porta da esquadra a perguntar se quer boleia. É Trindade, a mulher do seu colega. Neto aceita a boleia e ela diz que encontrou o preto que andava à procura dele. Era o Prof. Mopheta, visto que ela tinha ido fazer uma consulta naquela tarde. Dirigem-se para a casa do mesmo.

Chegando à casa do Prof. Mopheta, sentam-se os dois num sofá, enquanto faz trovoada lá fora. Por alguma razão, cheira a moamba na sala.

Mopheta diz o seguinte a Neto:

– Neto, isto é muito simples. Isto é hora de jantar, tu deve 'tar com fome. O que eu tenho pa te mostrar tu não acreditas. Tu tem que ver para acreditar, senão, não dá.

Neto pergunta – Então?

Mopheta desenrola dois daqueles rebuçados com alto teor cancerígeno que são uma espécie de vidro em caramelo, mas que ficam todos agarrados ao papel e aos dedos, e então ficam por lá a rebolar na taça da sala.

– Tu 'tá ver isto aí: tenho dois rebuçados, um azul e um vermelho. Tu toma o azul, eu não mostro nada e tu sai sem pagar; ou tu toma o vermelho, e eu mostro-te aquilo ali atrás e ainda pago tua multa.

Neto decide escolher o rebuçado vermelho e Mopheta convida-o a segui-lo até à sala.

Ao entrar na sala, o cheiro da moamba desaparece e Neto encontra-se juntamente com o Apoc, Switch e Cypher, e é dita aquela frase fixe do "Because Kansas is going bye-bye!".

Mesmo antes de sair do Matrix, Ernesto é obrigado a pagar 25 € de Taxa de Cópia Privada.

Sendo o Português que é, Neto está teso porque gastou o ordenado todo na tablet da casa-de-banho e não consegue pagar a mesma...

Nisto há um erro psíquico, Neto tem um AVC, morre, e as máquinas ganham.

Há um fade para negro e começam os créditos.




Sem comentários:

Enviar um comentário

Contact Us

Nome

Email *

Mensagem *



Back To Top